Acho necessário abordar o tratamento dado pela mídia esportiva nacional ao futebol feminino. E não porque adoro ser chato, apenas acho conveniente dividir com os leitores o que ouvi da boca do jornalista argentino Diego Graciano durante uma conversa esta semana: “No início de 2004, tomei a Marta como minha personagem e a mandei como sugestão de pauta para vários veículos, tanto no Brasil, quanto fora. Ninguém se interessou, já que ninguém sabia ainda quem era a Marta.”
Independente da notoriedade da atleta, comunguei com Diego e percebi que não só eu sofro com o fato dos grandes veículos darem de ombros para assunto tão importante. O futebol das meninas não é apenas o jogo “chato” das mulheres, é uma questão social, já que muitas das nossas atletas vem de famílias humildes, condições de vida precária e que estariam vivendo à margem da sociedade, na marginalidade e certamente várias delas seriam mães muito jovens.
“Eu estou falando com quem? Pra quem? Ninguém está interessado no que estou dizendo!” - Assim Diego se manifestou sobre os primeiros passos dados em direção ao assunto que resolveu abordar, e tenho me utilizado desta mesma frase há um tempo. Veja só, o dilema de Diego começou há mais ou menos uns 6 anos e o que mudou?
Os grandes veículos não querem abordar o feminino e a desculpa é sempre a mesma: público, audiência.
Sei como isso funciona, a maioria trabalha com base em dados estatísticos, audiência. Se baixaria aumenta a audiência, botemos então baixaria na TV, nos jornais, nas revistas, internet. Se violência dá audiência, deixemos então a imagem da troca de tiros em loop. Se o que as atrizes almoçaram, jantaram ou tomaram de café com os amigos em algum shopping da cidade dá audiência, então veiculemos isso com toda pompa, afinal, a fartura de poucos é exponencialmente inversa à miséria da maioria e ninguém gosta de ver miséria, não é mesmo?
É assim que a banda toca e é por isso que não temos a chance de garimpar talentos femininos, não temos muitas chances de levar ao conhecimento da massa, o nome de muitas meninas que estão arrebentando de jogar.
Hoje, com a biografia da menina dos olhos do futebol feminino nacional e internacional em mãos, e que não pode ser comercializada, Diego Graciano sente o mesmo que as mulheres e homens brasileiros envolvidos com o jogo das meninas sentem: o desprezo.
Nunca, jamais desmereceria Marta, mais ainda depois de ler sua história pelas mãos do hermano Dieguito, mas será mesmo, senhores dos grandes veículos de comunicação, que só a Marta merece destaque? Ou só o estruturado Santos? Que tal enaltecer as Daianes, Luizes, Luanas, Bagés, Rosanas que estão perdidas nos campinhos e quadras deste Brasilzão? Incutir na grande massa ávida por bom futebol, que nosso futebol feminino carece de outro olhar. Que há muita genialidade perdida por aí e que não podemos ficar só na Marta como se ela fosse o único combustível para preencher as páginas do nosso jornalismo esportivo.
Se fossemos tratar apenas de genialidade, destacaríamos jogadores tecnicamente limitados? Destacaríamos os cabeças-de-bagre? Ou teríamos Pelé, Maradona, Ronaldo, Garrincha, Heleno de Freitas, Leônidas da Silva, Nilton Santos, Didi, Puskas, Cruyff, Bob Moore e outros poucos, em nossos noticiários ad eternum?
Marta, será sempre marcada por sua genialidade dentro de campo e não tem como ser diferente, mas o futebol feminino brasileiro precisa de mais atenção. Precisa se fazer presente e é imprescindível que os grandes veículos lhe dê a devida e merecida atenção, caso contrário, essas imagens farão parte de um passado sem renovação.
Fonte: Livre Esporte
Texto de Lu Castro
Futebol feminino não é pauta.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
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